domingo, 9 de janeiro de 2011

Uma vez

Quem dera a vida tivesse sempre o gosto da única vez.
Aquele primeiro choro meio salgado…
O primeiro gole amargo…
O primeiro Beijo,meio molhado…
A primeira vez, exatamente como o planejado, sonhado…
Quem dera a vida fosse feita tão somente de estreias…De teatros Lotados.
E tivesse sempre alguém pra nos levantar, quando a força fosse ausente, quando os olhos já lacrimejam e uma careta de choro se esboça, e dizer batendo a poeira em nossos joelhos: “Calma, não foi nada…Só um susto.”
Quem dera não existisse espaço pro que é plural.
Assim a saudade duraria só um dia…
A tristeza mal chegaria…
Aquele trem jamais partiria.
Tudo aquilo que vem depois do agora, do único é vício.
Depois do Hoje… O amanhã.
Depois da inocência do primeiro beijo… A maldade do segundo.
Depois da primeira vez… A Histeria.
O futuro só nos guarda figurinhas repetidas… E é quando chegamos na velhice de nossas primeiras vezes que passamos a viver o Alzheimer do que um dia chamamos de amor.
E assim, sem mais nem menos, a vida nos dá uma única oportunidade da cortina se fechar e daqui a um pouco nosso primeiro choro voltar, numa estranha sensação de novidade, num grito histérico clamando por tudo, sem ainda conhecer nada.

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