Era um dia como outro qualquer.
Abriu os olhos e depois acordou.Pode parecer estranho, mas existe uma distância considerável entre os dois, tal qual ensaiar e se declarar.
Não sei por quanto tempo ele esperou por esse dia, mas tinha certeza absoluta, porque conhecia, porque sentia, que chegaria.
Da última vez deixou escapar por entre os dedos...
Se frustrou, não dormiu...
Se julgou o pior.Viu que era igualzinho ao seu primo, que carregava água na peneira.
Na varanda estava tudo claro, o chão de madeira, a grama verde e a cadeira, mas ninguém e nem nada precisava contar pra ele que era esse o dia.
Dava pra sentir no ar sua felicidade por sentir que a brisa o perseguiu por toda a noite...
Não demorou mais que um dia inteiro e o fim de tarde chegava diferente.
Pegou algumas panelas na cozinha, sem pressa e as espalhou no jardim...
Sua felicidade mal cabia em si e transbordava num sorriso que parecia ter encontrado um bom lugar pra ficar.
Começou o estardalhaço.
No céu, avisavam sua chegada em gritos altissimos e assustadores.Era tão grande o barulho que até o vento parou pra assistir.
Aquilo que era um fim de tarde parecia mais o fim do mundo.
Mas ele não se abateu...Sabia que toda a gritaria era pra que a saudade fosse embora e não voltasse tão cedo.
Ela chegou primeiro pra ele...Especial.
Na sua mão direita, delicada e esperançosa, ela caiu numa gota como se beijsasse sua alma e pedisse sua licença...Se agarrou nele, pra que não caísse ao chão.
Agora se tinha tudo.
Fogo, manteiga, farinha, açúcar e chuva...
Sua receita daria certo porque entendeu que quem faz a chuva é o sol e quem a conduz, como numa dança, é o vento...De resto é como uma grande orquestra tocando em timbres altos um meio termo entre a destruição e a imaginação de uma criança quando morde um bolinho da mais legítima chuva.
2 comentários:
Que beleza Thiago, parabéns!! Segue em frente que dá pé!!! beijos
Bia Sion
vc realmente sabe como prender um leitor ao seu texto. Fico sempre fascinado a cada novo post daqui. Cheios de poesia. Cheios de encantamento. Tocando no fundo da alma.
Mais uma vez, parabéns!!
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