4 de Abril

Cada pessoa que se perdeu num lugar chamado tempo, cada momento que se gravou num tempo chamado memória, cada resquício de memória que se envidraçou nos porta-retratos... Tudo isso a que chamamos de companhia quando a solidão está no quarto ao lado estendendo a mão, são coisas que o sol novo de cada dia traz a beira da porta de cada um de nós.
Hoje é 4 de Abril, e o sol nasceu do mesmo jeito amarelado e desbotado como ele faz todos os dias, com ou sem nuvens...A sensação é que nada mudou, nada.
Mas hoje tudo é muito diferente, sim...
Você fez dos seus sonhos seus objetivos e eu tive que me contentar durante muito tempo em fazer da minha realidade um sonho e assistir você se tornando a única razão de viver, de seguir em frente e tudo que eu conseguia desejar era ver no escuro a luz dos seus olhos...Os mesmos olhos que num outro dia mais claro eu olhei e decidi que não ia deixar minha vida escapar pelas minhas mãos e se desmanchar nos minutos das horas e dos dias...Olhar... “Os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo”, já disse Leonardo Da Vinci, e a epiderme da minha alma estava queimada e ofuscada por uma luz que era sua e de um mundo que não era o meu, a porta estava fechada e eu pulei pela janela pra chegar até aqui e poder estar sentado em um lugar melhor, assistindo de camarote a volta da roda gigante que você se meteu e cismou de ficar.