terça-feira, 21 de outubro de 2008

-BUSCA-


Eu busco o que já encontrei.E faz tempo.Era verão, talvez inverno, mas tinha cheiro de primavera e promessas de outono, promessas de um tempo que hoje eu respiro, meio cinza, cavernoso, ainda com as folhas caindo, com um certo cheiro de lembrança no ar, um certo pedaço de você nos porta-retratos.

Lembrar...E como faço questão de lembrar de tudo, acreditando que esse seja o melhor caminho, ou talvez o mais curto e completo para esquecer.Mentira...E como sei que minto, roubo no jogo que participo sozinho, tentando dar as cartas e levar tudo até você, sem perdas, sem feridas.Lembro de tudo brincando de esquecer...Jogo da memória, que eu sempre vou vencer.

Sabe o que é esperar?

Sabe o que eu esperei?

Sei muito bem que você sabe o que eu espero...

Esperar uma carta...Uma palavra, um tempo com você, um único bater de relógio de novo ao seu lado, um único vazio de pensamento, um único momento vendo tudo aquilo que eu sempre penso na minha frente.Um único quadro de projeção...Um desejo realizado, um único pedido, igual por todas as vezes que olhei pra cima e pedi, realizado.

E quanto tempo se foi, não assim tão simplesmente por passar mas quanto tempo, Deus, ainda está por passar assim por ela?Sem ela?

Era aquela estação...E foi como um filme, história de cinema...Aquela rua, aquele carro que você passou...Aquele olho, tão forte que eu ainda sinto o mesmo frio e a mesma certeza quando penso e me aqueço de você, os filmes que eu ainda guardo na estante como parte dos encontros, do meu achado, de você.

O seu silêncio foi a minha comédia e a minha tragédia, me transformou em clown na história, fiz piada do meu próprio pranto, literal como em poesia e doído como sempre na vida.Caí no engano de querer guardar tudo, recolher os cartazes, juntar os cacos...A mesma besteira de querer dar um primeiro passo, e meu destino foi logo você, foi justamente deixar tudo em suas mãos, foi entregar as palavras e ficar só com o sentimento.O pior sentimento...A solidão.

O meu som era mudo e tinha seu perfume, tinha seu ritmo, e aquele sorriso, que eu fiz questão de manter aberto e brindar cada uma de suas aparições, comemorar os seus motivos e as suas conquistas.Eu vivi você, eu respirei você.

No inicio, se assim posso dizer, eu sabia a hora do telefone tocar, eu esperava o estar ao seu lado, correndo pela rua pendurado na janela daquele carro.Mas depois...Depois eu só pensava em ser você, era o único jeito de completar os personagens dessa brincadeira, que você jogou e depois voltou pra casa.

E tudo isso me levou ao mesmo lugar do começo, me deixou aqui, sentado nessa mala de coisas e sentimentos, deixando as caronas que a vida e o tempo me ofereceram pra seguir reto e passar direto por todas as possibilidades, que eu sei lá se existem, de um retorno nessa “infinita Highway”...Você chegou, entrou e saiu, só deixou a porta aberta pra que eu saísse atrás...Foi só você sair pra que eu deixasse de ser aquele cara e parasse de respirar.

Ponto final...Seria banalizar isso tudo, esse pedaço, seria comparar esse “todo” a um dia que nasce, brilha e morre, e amanhã tudo de novo...A noite como um hiato, a noite como ponte pras novidades antigas, pra que escrever outra história se existe uma inteira por ser lida?

E no fim, será só mais um monte de palavras recolhidas,reduzidas, como sempre.

3 comentários:

Anônimo disse...

Caraca, amei o texto! Não sabia que vc escrevia assim!
Venho mais vezes visitar seu blog =)

Bjos!!

Unknown disse...

3º Mensagem subliminar !

Anônimo disse...

Cara, amei o texto! não sabia que vc escrevia assim! [2]
putz tah mto maneiro.
adoro vc! bjos